Ahimsa

Continuando a série, após mostrar a estrutura da prática, vou detalhar cada um dos passos, começando com os Yamas.

Assim, Patanjali lista os Yamas.

Ahimsá-satyásteya-brahmacaryáparigrahá yamáh
Os votos de auto-restrições compreendem abstenções de violência, de falsidade, de roubo, de incontinência e de cobiça. (I. K. Taimni)

O primeiro dos yamas ou auto-restrições é o ahimsa. A não-violência. 

A importância desse item é tão grande que aparece como a primeira coisa a se praticar no yoga.

Com esse preceito como norte, Gandhi libertou a Índia do Império Britânico.

Gandhi definiu a manifestação de ahimsa assim: A não violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não violência, tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que a lei de talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade. Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental e, por conseguinte, moral. Trato de amolecer a espada do tirano, não cruzando-a com um aço mais afiado, mas defraudando sua esperança ao não oferecer resistência física alguma. Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará de seu assalto. Essa resistência primeiramente o cegará e em seguida o obrigará a dobrar-se. E o fato de dobrar-se não humilhará o agressor, mas o dignificará […]

É também uma das formas mais inteligentes de se protestar contra autoridades mal estabelecidas. O Greenpeace, ONG ativista socioambiental, também usa dessa ferramenta: Fazemos ações de confronto e exposição pública, sim, mas sempre de forma não violenta, usando nossas vozes e criatividade.

Golfinhos nadam ao lado do navio Rainbow Warrior em Cook Strait, Nova Zelandia; muito perto de onde a petroleira do Texas Anadarko prospectava extrair petróleo. Foto: Greenpeace

Dentro da estrutura da prática física, o ahimsa é importante para se conquistar as posturas sem se machucar e fazer o ásana como definido por Patanjali. 

Sthira-sukham asanam
A postura (deve ser) estável e confortável. (I.K. Taimni)

Ásana é uma posição firme e confortável, ou seja, sem nenhum tipo de violação dos limites, dores intensas ou qualquer grande desconforto.

No dia a dia, os efeitos da não-violência são visíveis para quem sabe observar. Somos e vivemos o que atraímos. Alguns afirmam até que ao praticar ahimsa, o seu redor se modifica e você passa a não atrair nenhum tipo de violência. Isso pode ser observado nas grandes cidades, onde certas pessoas nunca tiveram problemas com roubos e outras já foram roubadas muitas vezes. Seria tudo acaso? Ou realmente praticar a não-violência pode trazer paz, mesmo nos lugares mais difíceis? Existem muitos outros fatores para afirmar tal coisa, mas não custa experimentar.

Espero que tenha gostado desse artigo. Se aprofunde no tema e tente praticar. Depois me conte!

Forte abraço.

Fernando Salvio