Asteya

Ahimsá-satyásteya-brahmacaryáparigrahá yamáh
Os votos de auto-restrições compreendem abstenções de violência, de falsidade, de roubo, de incontinência e de cobiça. (I. K. Taimni)

Continuando a série, após falar de satya, vamos ao terceiro Yama, asteya: não roubar.

Quando se fala em roubar, nos vem logo a mente o ladrãozinho de olhos com venda e arma em punho…

O clássico ladrão num desenho de um cartucho de Atari da CCE. (que roubava os códigos dos programas e vendia seus jogos no Brasil)

Mas será que esse é único que comete roubos?

No contexto atual dificilmente conseguimos nos “furtar” de não cair nesse yama.

Mas como assim Fernando? Eu NUNCA roubei nada!

Será? Lembra daquele imposto não pago?

Esse é o mais simples e básico. Muita gente que tem o que tem, acaba se furtando de pagar os impostos corretamente.
A desculpa seria o governo e sua tirania…
Então mude o governo, mude a leis, lute por isso.
Numa sociedade regida por leis, temos que segui-las ou lutar por mudá-las.
Em algum momento, transgredi-las talvez seja saudável, no caso de leis injustas.

Em 1939, um homem toma água num bebedouro apenas para negros em Oklahoma, nos EUA; segregação racial se aplicava a todos os aspectos da vida cotidiana Foto: Russell Lee/Domínio Público
1964 – Homem negro bebe água no bebedor “apenas para brancos” – Leis injustas nem sempre devem ser seguidas
Em 1963, Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis nos EUA, acena para multidão durante a Marcha sobre Washington. Neste dia, ele fez o seu mais famoso discurso, intitulado “Eu tenho um sonho” Foto: AFP

Mas geralmente nessa parte dos impostos, não é o que acontece.

E tem muito mais. Que tal a terra onde você mora? Se é que você tem esse privilégio de ter um lugar para morar…
Em algum momento essa terra foi espoliada de alguém. Seja um latifundiário que expulsou os moradores antigos ou mesmo os nativos “indígenas”. (Indígenas? Um erro histórico. Foram chamados assim porque os “descobridores” achavam que estavam na Índia!) E esse roubo se perpetuou até chegar em você. Talvez seja algo difícil de engolir, mas pode-se pelo menos, parar e pensar…

E aquele celular novinho que você comprou? Será que não foi produto de roubo? Não estou falando de comprar um celular roubado, o que é bem comum também, mas estou falando de toda a matéria prima usada para a sua fabricação?

Será que aquele empregado lá na Africa que ganhou uma miséria para trazer esses minerais do subsolo em condições horríveis não foi roubado na sua dignidade, vida e bem estar?

Crianças trabalham em mina de cobre na Republica Democrática do Congo. Rica em cobre, cobalto e urânio, mas a riqueza passa ao largo da população (Foto: AFP / Getty Images)

Talvez seja difícil realmente não roubar nessa sociedade “moderna”, mas talvez ter consciência de tudo isso nos faça pensar um pouco. Ter hábitos menos consumistas já ajuda bastante e tudo isso acaba refletindo na sua própria vida, quando se entende que ser é melhor do que ter.

Existem movimentos que buscam isso, como a Simplicidade Voluntária, o Minimalismo e outros. Vale a pena pesquisar.

Deixo também de sugestão de leitura: Walden de Henry David Thoreau .

Espero que tenham gostado desse artigo e até o próximo.

Forte abraço,

Fernando Salvio